sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O sono

Todas as noites antes de dormir, aquela mesma sensação de estarem sempre a um passo de algo que jamais aconteceria.
E assim mudos, assim medos, adormeciam... Embalados pela eternidade fugaz daquele abraço.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

aposto

papel-caneta-sede-suor-cidade.
tempo-relógio-tic tac-longe-perto-vontade.
um dia- um parque- você- novidade- espero- é cedo
- é tarde.
toque-olhar-silêncio-intenso-suave.
momento-leve-incerteza-viver
-enquanto sentir que é verdade.


[ em algum lugar do presente ]

O início


...quando ela,ainda menina, sentiu pela primeira vez o impulso falar mais alto que a razão e se deixou levar por todos aqueles sentimentos confusos,dispersos, que colidiam entre si e a faziam chegar ao mesmo lugar, àquele sorriso capaz de calar qualquer dúvida e explicar do jeito mais simples a complexidade do que não tinha explicação.

[ em algum lugar da memória ]

O trem


Da janela,disfarçando o nervosismo ainda pôde olhar uma última vez para ela e,com a voz trêmula,dizer: Então fica combinado:você não me culpa por ter desistido e eu não te culpo por não ter me deixado tentar.
E o trem partiu.

[ em alguma estrada ]

O egoísmo


O amor não é egoísta. Nós somos. Perseguindo a tola necessidade de definir aquilo que não tem definição. Na busca incessante em querer dominar a única coisa pela qual deveríamos nos deixar ser dominados.
Com as mãos cobertas de medos, pegamos e lentamente começamos a moldar. Na tentativa de criar algo perfeito é que nós sempre tão ingênuos, quase nunca percebemos que aquela massa sem forma e sem sentido era o que havia de mais bonito no  que agora, entre os dedos, deixamos escapar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Um gole

Acordo. Um suco pra nutrir. Um café pra trabalhar. Um chá da tarde pra aquecer. E à noite, um uísque pra esquecer. No ano novo vamos beber champagne juntos e celebrar. No inverno, sozinhos, um bom vinho apreciar. E buscamos, em cada bebida, um gole a mais de vida antes que a vida seja só uma garrafa vazia de recordações.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Acordar

Acordei e não senti os pés no chão. A cabeça, lá longe, só pensava em ir voar. Fui pro trabalho sei lá como e o que fiz durante o dia também não sei dizer. Meus pensamentos divagavam pra lugares onde nunca conheci mas algo me diz que era onde eu devia estar. Lugares sem fumaça sem prédios sem homens trancados por portas e janelas. onde casas são cercadas só por mato e natureza e onde a vida com certeza não caberia em uma sala de escritório onde se (sobre)vive em troca de um salário. Pois o ar que se respira é o mesmo que um dia inspirou os músicos e poetas de um tempo imaginário.